Como não prevenir o suicídio se não falamos sobre ele? Existe um verdadeiro tabu, quando tocamos no assunto “suicídio”, mas da mesma forma que precisamos quebrar esse receio, é hora de entender e reconhecer, de uma vez por todas, que a saúde mental é uma questão de interesse público e que todos nós desempenhamos um papel fundamental na criação de um ambiente mais saudável.
No dia 10 de setembro celebramos o Dia Mundial da Prevenção do Suicídio. Estamos no mês dedicado ao combate à depressão e esse é um lembrete oportuno de que a nossa batalha, pela saúde mental, não deve ser travada nos bastidores: essa é uma luta coletiva.
Eu acredito que a prevenção ao suicídio começa quando iniciamos diálogos sobre a importância dos cuidados com a saúde mental, mesmo que muitos acreditem que isso pode, de maneira indireta, suscitar ou estimular a prática. Eu digo e repito: isso não pode ser um tabu.
É necessário ampliar o campo de debate, para que nos tornemos cada dia mais ativos no combate a condição mental mais prevalecente em todo o mundo e que afeta milhões de pessoas de todas as idades, raças e origens. A depressão, que pode, sim, levar ao suicídio.
Esse mesmo suicídio, influenciado por fatores psicológicos, biológicos, sociais e culturais, é cometido por mais de 700 mil pessoas por ano, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Quando alguém começa a conceber pensamentos ou ações prejudiciais para sua própria vida, pode ser um sinal de que essa pessoa está lutando para lidar com emoções intensas. Em muitos casos, a ausência de um sistema de apoio, que inclui familiares, amigos e colegas, contribui para a falta de compreensão da gravidade dessas emoções, levando a um aumento nas chances de um desfecho negativo. Por isso reforço a minha defesa por ações mais contundentes de prevenção.
Aqui no Brasil, o número de suicídios cresceu 11,8% em 2022 em comparação a 2021. Os números do levantamento feito pelo Anuário Brasileiro de Segurança Pública, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, divulgado em julho, também apontam que no ano passado foram feitos 16.262 registros de pessoas que tiraram a própria vida, uma média de 44 suicídios por dia. Se formos elencar esses números em uma proporção, nosso país teve 8 suicídios por 100 mil habitantes em 2022, contra 7,2 em 2021. Esses são os números da tristeza!
Mato Grosso, conforme os últimos dados apresentados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), chegou a registrar, em 2019, mais de 205 mil pessoas com sintomas depressivos, atingindo 165 mil mulheres e 40 mil homens.
Isso tudo nos mostra e reforça que precisamos promover um ambiente de compreensão, solidariedade e apoio para aqueles que estão enfrentando dificuldades em sua jornada de saúde mental. Afinal, combater o suicídio é uma luta que depende de cada um de nós, e juntos podemos fazer a diferença. Que este Dia Mundial da Prevenção do Suicídio nos inspire a continuar essa batalha coletiva, lembrando-nos de que cada ação, palavra e gesto de apoio podem salvar vidas.